Taika Waititi já provou ser um diretor versátil e com grande habilidade de mesclar humor com dramas pessoais conferindo um toque leve e quase inocente às histórias ao mesmo tempo em que aborda temas espinhosos e delicados como o nazismo. Um exemplo é Jojo Rabbit, que inclusive lhe rendeu o Oscar de melhor roteiro adaptado. Era esperado que depois do bem recebido Thor Ragnarok, o neozelandês alcançasse um ponto até então não alcançado nos filmes solo do super-herói nórdico espacial. Não foi dessa vez.
Thor: Amor e Trovão tem uma premissa interessante com Jane Foster (Nathalie Portman) assumindo o posto de Thor, a ameaça do vilão Gorr (Christian Bale) com sua missão de eliminar todos os deuses e um protagonista jogado no ostracismo e um niilismo quase autodestrutivo. São ingredientes suficientes para desenvolver uma narrativa envolvente, porém, roteiro e direção parecem não estar muito dispostos ou interessados nisso. Gorr invade Asgard e sequestra um grupo de crianças. Thor, Jane, Valquiria (Tessa Thompson) e um ser de pedra interpretado pelo próprio Taika partem na missão de resgatar as crianças e eliminar o vilão. O longa se apoia demais no humor e nas referências ao mundo pop. Citei acima a habilidade do diretor com a comédia, porém, aqui, as piadas são constantes, algumas realmente eficazes, mas a falta de tato tanto no momento em que são usadas e na quantidade quase incessante de “alívios cômicos”, acabam por diminuir a ameaça que inspira a missão, deixando-a vazia e tirando aquela sensação de urgência necessária para que o espectador embarque na jornada.
Desta forma somos carregados até o fim da sessão não pela vontade de ver os heróis vencerem o vilão, mas sim pelo carisma que ainda resta em algum dos personagens e pelas poucas piadas bem colocadas no roteiro. Thor: Amor e Trovão passa longe de ser um grande filme, pesa a mão nas piadas e desperdiça a chance de desenvolver a trajetória de Jane Foster como a nova Thor.