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Muito antes da estreia do longa metragem da Mulher Maravilha, em 2016, a personagem já  tinha conquistado seu espaço. Sua primeira aparição foi antes da Segunda Guerra Mundial, na revista All Star Comics #8, de dezembro de 1941. Porém hoje, saudamos a heroína. Esculpida do barro por sua mãe Hipólita, Diana Prince é uma princesa das Amazonas, criada com um único propósito: propagar paz entre o mundo dos mortais e o mundo dos deuses. De força inestimável e com habilidades super-humanas, tornou-se integrante da Liga da Justiça.

No contexto em que o terror da Segunda Guerra Mundial aumentava, as mulheres serviam como um “escape” para o medo. Tinham função de psicólogas, lidando diariamente com o estado emocional de seus maridos, e de enfermeiras, encarregadas de ajudar os feridos em bombardeios. Na ficção, mesmo que os papéis das protagonistas sejam, ainda, escritos e dirigidos por um homem, tratamos isso cordialmente. No entanto, a Mulher Maravilha inspirou outras historias sobre protagonismo feminino. Diana Prince é hoje um símbolo de resistência contra o preconceito e o machismo.
O ambiente das HQs foi, e ainda é, dominado pela masculinidade. Com personalidades fortes, poderes extraordinários e um incansável bom humor, as histórias viraram parte da cultura pop ao longo dos anos, com seus respectivos filmes. E o que sobra para o público feminino? Ah sim, além de lindas e joviais, as personagens precisam do bendito carisma. Mas não se engane! Não critico a decisão das produtoras de retratar historias de super-heróis masculinos para o cinema. É, de fato, um tiro certeiro. Entretanto, é preciso reinventar e trazer o outro lado desse grande dólar.

O primeiro contato visual que tivemos com Diana foi na década de 1970, na famosa série intitulada Mulher Maravilha, estrelada por Lynda Carter. Tardiamente introduzida na cultura pop, a série foi cancelada após sua primeira temporada. Pouco tempo depois, a trama da heroína sumiu das manchetes e o símbolo pendurou adormecido. Projetos largados pela metade e roteiros vazios ao longo dos anos elencaram ainda mais o discurso de ódio em cima da apresentação de uma personagem feminina no cinema. Infelizmente, é pelos olhos dos idolatrados gananciosos que a industria cinematográfica conta a história da representatividade.

Por intermédio do destino, apenas nos anos 2000 a princesa Amazona retornou para a televisão, fazendo sucesso em seus desenhos. No momento em que a sociedade começou a caminhar para o retrocesso, precisou-se fortalecer novamente a representatividade feminina. Hoje, dirigido por Patty Jenkins, o filme solo da Mulher Maravilha finalmente está entre nós. Logo após fazer uma aparição em 2016, em outro filme do mesmo estúdio, Diana ganhou notoriedade na pele de Gal Gadot.

No entanto, o que seria da personagem feminina sem sua sexualidade e carisma irresistível? Fortemente criticada por sua condição física no filme e por fugir do figurino original “sensualizado” da personagem, Gal mostrou que não precisava ser o desejo sexual de ninguém. Estar fora do “padrão de beleza” não é ser imperfeita e sim, única. Recentemente, Hit Girl e Viúva Negra também ganharam destaques positivos, que vão além da finalidade de entreter o nerd machista contemporâneo. 
No entanto, o ritmo das produções audiovisuais seguiu por muito tempo os passos dos quadrinhos. Somente agora mais uma heroína ganhou protagonismo: Carol Danvers. Fui muito crítica em relação a atuação e carisma da personagem nas telonas, que sofreu do mesmo mal que outras: roteiro. Como trazer de volta personagens criadas como passatempo, arrancar os esteriótipos e valorizar além das curvas?

Quem será o primeiro a entender que lutamos por respeito e não por ego?


A coluna é de responsabilidade da autora.
Escrito por

Andressa Mendes

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