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Estreia nesta quinta-feira (25), o mais novo e esperado filme da Marvel, Vingadores: Ultimato. O longa faz parte da franquia de super-heróis que mobiliza uma geração de fãs impacientes que não veem a hora de descobrir o que acontece com seus personagens favoritos. Em meio a tanta ansiedade, relatos de que algumas cenas teriam sido vazadas na internet levaram os irmãos Russo, diretores do filme, a se manifestarem, pedindo ao público que não revelasse partes da história e estragasse a experiência para os demais.
O famoso spoiler, que os irmãos tentam prevenir, virou tendência da cultura POP nos últimos anos. No tempo das redes sociais, é preciso muita cautela online para evitá-los – temos tutoriais de sobra no Youtube, inclusive. Os desagradáveis e inesperados spoilers são o mal da geração – na minha humilde opinião. Na era da internet, da sociedade líquida e do imediatismo cultural, uma ansiedade generalizada faz com que ninguém tenha a mínima paciência para “esperar para ver”.
Não vejo a graça. Não entendo o tesão em procurar informações sobre o que for e perder a experiência de descobrir os acontecimentos só no momento que quem criou o conteúdo gostaria que descobríssemos. Joe e Anthony Russo disseram que “trabalharam incansavelmente com a única intenção de entregar uma conclusão surpreendente e emocionalmente poderosa” para a saga dos Vingadores. Qual o interesse do fã ao desmembrar um trabalho bem pensado e bem construído em cenas soltas e desconexas? Quando que consumir o conteúdo com rapidez se tornou mais importante que consumir o conteúdo com prazer, da maneira certa? Não que exista, de fato, uma maneira certa. Cada um absorve as histórias do seu jeito, no seu tempo, pela sua perspectiva. No entanto, me parece uma desvalorização do trabalho dos roteiristas e diretores, tão admirados pelos fãs, simplesmente desconsiderar aquilo que eles idealizaram como produto final.
Existe um fluxo. De informações, de acontecimentos e, consequentemente, de sentimentos por parte do público. Este fluxo, caro Espectador Impaciente Caçador de Spoiler, segue determinada ordem com um propósito. O filme Amnésia, por exemplo, não é construído em uma mistura de passado/presente simplesmente porque “deu na telha” do roteirista. O propósito é justamente surpreender o público e causar uma reação específica com um acontecimento que ninguém esperava – os famosos plot twists. Se o final já é sabido, toda a intenção dos criadores vai por água abaixo.
Para quem de fato gosta de receber spoilers, tente respirar três vezes e esperar o momento certo para desvendar os mistérios dos filmes e séries. Talvez você goste ainda mais de simplesmente usufruir da experiência completa das suas sagas favoritas, ao invés de consumi-las desordenada e euforicamente.
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