Explorando questões como poder e servidão, Spartacus conta a história épica de um líder que moveu multidões.
A luta pelo direito das minorias sempre esteve presente nas telas do cinema, mas trazer essa discussão na década de 60, transformou Spartacus (1960) em um épico, rompendo com o estereótipo de filme de gladiadores. Dirigido por Stanley Kubrick, consagrado pelos filmes “Laranja Mecânica” e “2001: Uma odisseia no espaço”, pela primeira vez, ele se aventura em uma jornada épica.
Na Roma Antiga, escravos destinados a serem gladiadores, comandados por Spartacus, criam uma rebelião contra o atual Império, reivindicando sua liberdade. Considerado um dos grandes clássicos de Hollywood, a abordagem das Assembleias Romanas e de nomes conhecidos das aulas de história, como Crasso e César, são uma pitada a mais para o interesse do público. Spartacus (Kirk Douglas) acaba se apaixonando pela escrava Varínia (Jean Simmons), oferecida a ele como um presente. O mercado da prostituição é mostrado como um dos nichos de riquezas e prazeres, porém é tentando romantizá-lo ao máximo. A liberdade dos homens e mulheres que viviam e trabalhavam no centro de treinamento para gladiadores era destinada aos comandantes. Sem chances de escolhas e incubados por um sistema dominante, faltava-lhes coragem.
Spartacus, então, começa a rebelião. O desafio se estabelece, depois de tomar o poder do castelo e saquear todas as riquezas, o objetivo era contratar navios para que eles conseguissem voltar para suas terras natais, entretanto, a negociação com estrangeiros complica. Observando a situação dos escravos, agora livres, o lado oposto olha para eles como uma peça descartável, deixando Spartacus encurralado. Representando a visão clara da fé, da redenção, do equilíbrio e da esperança de uma vida normal, Varínia mantém Spartacus vivo.
Varínia (Jean Simmons) e Spartacus (Kirk Douglas) |
O roteiro escrito por Dalton Trumbo, transmite o poder de despertar, é a forma rebelde do cinema clássico, capaz de disseminar ideias, tornando o conteúdo ainda mais valioso. Assim como a parte técnica que arrebata elogios, tudo isso antes do aperfeiçoamento do CGI (Computer Graphic Imagery) e das imagens geradas no computador, as atuações se destacam. O ator Kirk Douglas, passa a firmeza de um líder nato, com capacidade de ir ao extremo por aquilo que acredita e o lado humano do personagem, cativa. Completando o elenco, Laurence Olivier vive o vilão Marcus Crasso, atraído por Varínia, é temível e implacável quando se trata de poder em mãos. Tony Curtis, como Antoninus, amigo fiel de Spartacus, juntamente com Varínia remetem a esperança e lealdade.
No panorama histórico, o filme carrega contextos atuais. Stanley Kubrick, eterniza a figura de um líder com apenas uma fala “Eu sou Spartacus”. Kubrick consegue atrair o público explorando questões sociais sem sair do pressuposto de que o poder move a humanidade.
Recebeu o Oscar (1961) de melhor fotografia colorida, direção de arte, figurino e ator coadjuvante para Peter Ustinov pelo seu personagem Lêntulo Batiato, treinador de gladiadores.