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Brasil não venceu a Copa América, mas ganhou uma nova variante da Covid-19

Brasil não venceu a Copa América, mas ganhou uma nova variante da Covid-19

Não sou a maior entusiasta do futebol, mas reconheço a importância afetiva e econômica desse esporte, especialmente no Brasil. Não à toa, somos conhecidos como o país do futebol e, em tempos normais, sediar uma Copa América serviria para animar os brasileiros, os setores turísticos e comerciantes locais. Só que não estamos em tempos normais, como os mais de meio milhão de mortos pelo coronavírus deixam bem claro. Enquanto outros países se negaram a realizar o evento, o Brasil prontamente aceitou. Uma decisão ultrajante e perigosa.

Especialistas alertaram para a possibilidade de que jogadores estrangeiros trouxessem ao Brasil novas variantes do coronavírus. O governo ignorou o alerta e permitiu a realização dos jogos. A competição aconteceu em quatro cidades: Brasília, Rio de Janeiro, Cuiabá e Goiânia. Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pernambuco vetaram a realização do evento dentro do seu território.

O resultado da competição? O Brasil perdeu para a Argentina dentro do Maracanã (que, para quem não sabe, é considerado um santuário do futebol). Dentro do cenário futebolístico, perder para os vizinhos hermanos tem um sabor ainda mais amargo. Uma rivalidade que nem acho que faça mais sentido (opinião baseada no mais puro achismo, mas que eu quis dar mesmo assim).

Mas, calma, querido torcedor, o Brasil também ganhou. Para espanto geral da nação, aconteceu o que ninguém podia imaginar (contém, aqui, uma dose forte de ironia): uma nova variante da Covid-19 foi identificada no Brasil a partir de estrangeiros vindo para a Copa América.

Amostras colhidas no Mato Grosso em duas pessoas que estavam com a doença foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, que identificou a variante de B. 1 216, até então inédita no país. Os testes positivos foram de um colombiano e um equatoriano. Colômbia e Equador se enfrentaram na Arena Pantanal, em Cuiabá, na abertura do torneio, em 13 de junho. No último balanço divulgado pela Conmebol, em 24 de junho, 166 pessoas relacionadas à Copa América estavam com o vírus.

Ah, mas 166 pessoas perto das milhares infectadas e mortas parece um número pequeno né? Não quando se considera a carga viral das novas variantes e alta transmissibilidade. Ou seja, quantas pessoas podem ter se infectado indiretamente pela Copa América?

Assim, mais variantes do coronavírus vão surgindo, mais pessoas vão se infectando, mais pessoas vão morrendo e mais distante fica o fim de tudo isso que ninguém mais aguenta (mas, mesmo assim, é obrigado a seguir aguentando).

Escrito por

Caroline Oliveira

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