|
Reprodução: A Razão |
[ALERTA DE SPOILER]
A série Game of Thrones, adaptação da saga de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin, estreou em 2011 e se tornou um sucesso mundial. Um fenômeno da cultura Pop, o seriado quebra expectativas e impacta o público com mortes sangrentas, inclusive dos personagens principais. A frieza dos autores não é a mesma do espectador, que sofre com a angústia de saber que seu personagem favorito pode morrer a qualquer instante.
A última temporada, no entanto, vem decepcionando no quesito “mortes”. A tão esperada Batalha de Winterfell finalmente aconteceu mas, independente das inúmeras desvantagens, todos os personagens principais foram bem sucedidos na façanha de permanecerem vivos. Passamos o episódio inteiro com o estômago embrulhado, esperando o pior toda vez que Brienne, Arya, Jaime ou Jon apareciam em tela – e, para alguns, Daenerys ou Bran podem estar incluídos na lista também. O sofrimento foi em vão: aparentemente, os roteiristas perderam a mão firme.
A morte mais emocionante foi a de Theon Greyjoy, que foi construído de maneira inteligente e coesa durante a série e conseguiu, no fim, criar espaço no coração dos fãs como personagem complexo e carismático. Ninguém realmente esperava, no entanto, que ele tivesse muito mais tempo pela frente. Sua morte no Norte era previsível.
|
Reprodução: Omelete |
Só que Game of Thrones não é previsível.
Game of Thrones não foi previsível ao matar Ned Stark, na primeira temporada, ou Rob e Catelyn Stark, no Casamento Vermelho. Nem ao matar metade do elenco ao longo das temporadas. A série se tornou um fenômeno justamente por se desfazer do ideal de personagem e reconhecer que ninguém é indestrutível. É essa vulnerabilidade que torna os personagens tão reais para o público e faz com que acompanhar a série seja uma experiência única.
Não. Os fãs não querem que seus personagens favoritos morram. Eles querem aquilo que Game of Thrones vinha entregando até algumas temporadas atrás: imprevisibilidade e emoção. Eles querem poder torcer por um personagem e chorar sua possível morte, sendo ela bem pensada e coerente. Afinal, uma boa morte é uma morte válida.
Mesmo com dragões, caminhantes brancos e lobos gigantes, Game of Thrones costumava ter uma essência realista que nos fazia acreditar na história e nos personagens. É frustrante perceber que, na última temporada, a hesitação dos roteiristas limitou a série à pura fantasia.
O conteúdo da coluna é de responsabilidade da autora.