Color me your color, darling
I know who you are
Logo de cara, o terceiro longa sobre o casal Warren já dá o tom mais violento que seus predecessores. Tom esse que seguirá pelo filme todo. Iniciando com uma tentativa de exorcismo mal sucedida, somos apresentados à família Glatzel, que divide espaço com os protagonistas na trama.
O jovem promissor Jullian Hilliard, que, apesar da idade, já tem um currículo com títulos expressivos como A Maldição da Residência Hill e Wandavision, interpreta David Glatzel – um menino atormentado por uma possessão demoníaca. Na tentativa de ajudar o garoto, Arne Cheyenne Johnson (Ruairi O’Connor) acaba se envolvendo na situação a ponto de cometer um crime e alegar que estava sob controle do demônio.
Para contar a história do primeiro réu que alegou ter sido forçado por forças sobrenaturais, alguns dos moldes que funcionaram nos filmes anteriores tiveram de ser abandonados. Afinal, a premissa de uma casa mal assombrada dá lugar a uma investigação criminal. O diretor Michael Chaves fica responsável por conduzir a trama, substituindo James Wan.
Além do aspecto investigativo, o terceiro longa aborda com maior destaque os dons mediúnicos de Lorraine Warren (Vera Farmiga), apostando na visualidade do contato dela com o sobrenatural. O resultado são cenas onde a personagem se insere no ponto de vista das vítimas e funciona muito bem para o desenrolar da trama.
A atuação brilhante de Farmiga é, sem dúvidas, um dos alicerces do longa e da franquia. Em A Ordem do Demônio, a química entre a atriz e Patrick Wilson é ainda mais importante do que antes. O roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick utiliza de flashbacks com versões mais jovens dos personagens para reforçar a ideia do quão necessário o laço entre eles é para enfrentar os obstáculos de suas profissões como demonólogos.
O uso das sombras e da escuridão ajuda a construir um ambiente assustador para a obra. As ameaças de outro plano se manifestam de forma mais física e violenta, deixando o espectador sem saber o que esperar e isso pode ser sentido até mesmo nos jumpscares que se tornam mais assustadores.
Embora a mudança de tom tenha feito com que o filme perdesse alguns dos elementos que ajudaram a consolidar a franquia, alguns outros foram adicionados e funcionaram bem. Atuações consistentes e uma atmosfera bem construída de horror fazem com que o título se sustente bem e a experiência no cinema é ainda mais interessante pela excelente técnica sonora.