Em 2022, O Amante de Lady Chatterley pode chamar a atenção de espectadores por suas cenas eróticas, mas não causa choque ou espanto nos críticos e na audiência. No entanto, quando o livro que dá origem ao filme foi lançado, em 1928, as reações foram bem diferentes. A obra de D. H. Lawrence só pôde ser lançada no Reino Unido em 1960, mais de 30 anos depois, por conta do seu teor sexual.

Na adaptação cinematográfica, lançada pela Netflix, a diretora Laure de Clermont-Tonnerre consegue mostrar o quão libertadora pode ser a troca entre dois corpos, para além do prazer. Numa das cenas mais bonitas do ano, a protagonista dança sem suas roupas na chuva. A nudez, aqui, representa o seu desprendimento das amarras sociais e a busca por si mesma, no mais profundo do seu interior.

Reprodução Netflix

A trama do longa acompanha o casal de aristocratas formado por Lady Chatterley (Emma Corrin) e Clifford Chatterley (Matthew Duckett).  Embora eles nutram afeto um pelo outro, o sentimento vai se esvaindo até se tornar uma mera formalidade. Por não poder ter filhos, devido a um acidente na Primeira Guerra Mundial, Clifford sugere que sua esposa procure outra pessoa para que possam ter um herdeiro.

Por vir de uma família rica, formada por artistas, Connie Chatterley não é submissa a seu marido, como se costuma ver em filmes da época. Por esse motivo, ela recusa a ideia de ter um caso apenas para gerar uma criança. Quando ela conhece e se aproxima do guarda-caça da propriedade, Oliver Mellors (Jack O’Connell), sua carência fala mais alto e ela vai se entregando aos seus desejos.

Oliver é um homem que carrega suas próprias mazelas amorosas, que são apenas pinceladas no roteiro de David Magee e poderiam ter sido melhor abordadas. Sabemos o suficiente do personagem para entender que, assim como Connie, ele anseia por uma conexão genuína. Quando os dois se encontram em tela, a química é inegável. Os atores entregam o nível de profundidade e intimidade necessários para tirar o fôlego do espectador.

A construção do relacionamento de Connie e Oliver é feita com muito cuidado, mas ao chegar perto do final, as coisas parecem acontecer rápido demais e com conclusões de conflitos que parecem ser feitas às pressas. O ritmo cadenciado que agrada nos primeiros e segundos atos dá lugar a uma sequência final picotada que rouba um pouco do brilho do longa. Apesar disso, é um romance que vai agradar os fãs do gênero.

Assista ao trailer:

O Amante de Lady Chatterley

4

4.0/5
Escrito por

Cainan Silva

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