O longa Galeria Futuro, dirigido por Fernando Sanches e Afonso Poyart, conta a história de um grupo de amigos de infância formado por Valentim (Marcelo Serrado), Eddie (Ailton Graça) e Kodak (Otávio Müller). Valentim é uma espécie de líder do grupo e tem o papel de narrar as situações vividas por eles. Os três cresceram juntos e trabalharam em um prédio de Copacabana, no Rio de Janeiro, por muitos anos. Kodak era o dono de uma loja de fotografia, Valentim cuidava de uma locadora de vídeo e Eddie trabalhava num estande como mágico. Antigamente esse local era glorificado e repleto de clientes, lojas e muito luxo. Com o passar dos anos e o avanço tecnológico, além das diversas mudanças geradas pela internet, os estabelecimentos passaram a perder seus clientes para outros segmentos, e consequentemente, acumular dívidas. Com isso, o trio vê, cada vez mais, a necessidade de colocar a galeria à venda.

Antes de qualquer coisa, é interessante ver como o roteiro coloca e evidência o atrito entre o passado e o presente. Os três amigos estão em uma iminente falência e pouco se atualizaram, recusando-se a conhecer sobre tecnologia e modernidade após a virada do milênio. Já Dudu (Traumaturgo Ferreira), que também tem uma loja na galeria, de vinil, conseguiu divulgar seu trabalho nas redes sociais e tornar o negócio vintage, atraindo público e tendo retorno financeiro. No elenco de apoio ainda há Paula (Luciana Paes), uma subcelebridade que, com o dinheiro do prêmio que ganhou em um reality show, decide montar um salão de beleza na galeria, lugar escolhido por ser o mais barato da zona sul. Mal sabia a furada que estava se metendo. 

Em busca de uma solução para evitar a iminente venda do local para um Igreja Evangélica, os três amigos, falidos, encontram um baú na loja de fotografia de Kodak, que, para surpresa deles, estava cheio de drogas psicodélicas, conhecidas como pílulas da felicidade. A partir dessa premissa, e sem mais nenhuma opção, o trio se junta a Paula e ambos traçam um plano para começar a vender essa nova droga na região de Copacabana, a fim de arrecadar dinheiro e pagar as estratosféricas dívidas da galeria. Eles só não imaginavam que Mesbla (Milhem Cortaz), chefe do crime organizado da região, não ficaria nem um pouco feliz com o sucesso e a proporção que as vendas das pílulas da felicidade estavam tomando no seu território.

Divulgação / Globo Filmes

Um dos pontos altos do longa é a forma como os diretores empregaram várias referências à cultura pop e a grandes clássicos do cinema mundial. Filmes como Kill Bill, O poderoso chefão e Esqueceram de mim são retratados em diversas cenas — todas elas em formato de sátira e fazendo uma espécie de alusão à chanchada brasileira, expondo essa certa subversão a grandes produções de conhecidos filmes gringos. Outro ponto alto do filme é a forma como os personagens são aproveitados. Com o elenco repleto de nomes nacionalmente conhecidos, somos presenteados com grandes atuações, em virtude do carisma, do humor fácil e assimilável que o roteiro emprega, além da fácil identificação com vários personagens.

Por fim, Galeria Futuro acaba sendo um convite a uma viagem nostálgica no tempo, onde há vontade dos principais personagens em permanecer no passado, mas também há a aceitação de que as mudanças que ocorrem com o tempo fazem parte dos ciclos da vida. É um longa que se encaixa com qualquer faixa etária, sendo uma comedia genuína e fiel ao entretenimento que o cinema brasileiro tantos nos oferece, mas que por vezes não valorizamos.  

Assista ao trailer:


Escrita por Victor Dellazeri

Meu nome é Victor, sou estudante de políticas públicas para fins de questionamento e um entusiasta da sétima arte, música, futebol e ciclismo.

Galeria Futuro

4

4.0/5
Escrito por

Acabou em Pizza

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