É muito comum, especialmente na adolescência, sentir que nascemos na época errada. Alguns desejam ter vivido o grunge dos anos 1990, outros sonham em ter aproveitado os clássicos musicais e o estilo dos anos 1980. Tem também quem prefira o disco e as cores quentes dos anos 1970, mas a protagonista de Noite Passada em Soho gosta mesmo é do ar clássico e glamouroso da Londres dos anos 1960.

Eloise (Thomasin McKenzie) é uma jovem apaixonada por moda que vive com a avó até se mudar para Londres para poder cursar design em uma universidade da capital britânica. Chegando lá e se deparando com colegas de quarto nada receptivos, ela se muda para um apartamento em um prédio antigo. Lá, coisas estranhas começam a acontecer e ela descobre que consegue se transportar para os anos 1960. Durante essas escapadas noturnas, Eloise acompanha a história de Sandy (Anya Taylor-Joy), uma aspirante a cantora.

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A viagem ao passado começa como um verdadeiro sonho, com cores fortes, música, glamour, moda e tudo o que Eloise desejava. No entanto, conforme a história vai se desenrolando e o sonho começa a ganhar nuances de um pesadelo. A imersão ao passado é feita com maestria pelos responsáveis pela fotografia, figurino e trilha sonora.

É interessante notar como a própria cidade de Londres como pano de fundo atua. Durante a noite, quando a protagonista está desbravando a Soho do passado, a cidade é repleta de cores quentes e com detalhes que prendem o espectador. Durante o dia, tons cinzentos e sem graça predominam, soando sufocante em momentos.

Apesar de ser um suspense psicológico, o filme se recusa a ficar limitado a um gênero e adota diversos elementos do terror para sua trama. O roteiro muito bem escrito de Edgar Wright proporciona momentos surpreendentes e que fazem o espectador pular na cadeira. Assim como fez em Baby Driver (2017), o diretor volta a utilizar a trilha sonora quase como um personagem. As músicas dos anos 1960 estão sempre presentes, seja tocando em casas noturnas ou nos fones de ouvido de Eloise.

Noite Passada em Soho é mais um destaque na carreira tão aclamada de Edgar Wright. O diretor consegue imprimir suas marcas e características ao mesmo tempo que cria algo fresco. As homenagens ao passado são usadas com bom gosto e não se tornam uma muleta para a narrativa. A atuação das protagonistas é magnífica e elas são bem acompanhadas por um inspirado Matt Smith. Sem dúvidas, é um dos melhores longas do ano até o momento.

Assista ao trailer

Noite Passada em Soho

5

5.0/5
Escrito por

Cainan Silva

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