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Reprodução: Observatório do Cinema |
Mesmo após 25 anos de seu lançamento, Friends permanece um símbolo da cultura pop: camisetas, posters, sem falar na constante e inacabável reprise, assistida e reassistida por pessoas de todo o mundo. Este ano, em comemoração ao aniversário da série, alguns episódios foram, inclusive, exibidos no cinema porque – sim – os fãs estão dispostos a pagar para ver os seis amigos na telona. É fácil entender o porquê da obsessão de tantas gerações pela história. A série, dissimulada, mas categoricamente, é uma das grandes utopias da sociedade contemporânea. Quem não gostaria de ter o seu grupinho de amigos constantemente unido em um café carismático, falando besteira como se nada pudesse atingi-lo? Claro, toda comédia tem essa mesma premissa. Nelas, ninguém realmente passa por situações de dramas verdadeiros e tudo se dissolve muito rápido quando se trata de problemas. Ah, o universo das séries é tão simples. Queríamos nós que o mundo real fosse assim. Bom, mas se toda a comédia tem a mesma premissa, qual é, afinal, o diferencial de Friends?
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Reprodução: ABC.es |
Eis a particularidade: Friends, ao contrário de séries como How I Met Your Mother e The Big Bang Theory – que têm o mesmo formato -, mantém-se equilibrada na tênue linha que divide o crível do absurdo. Veja bem, o roteiro se baseia no que há de comum no dia a dia de qualquer pessoa que viva em cidade grande e, justamente por isso, faz com que o espectador se identifique com os personagens. Qualquer um pode facilmente reconhecer a Janice da sua vida, porque todos repetimos erros românticos que nem ao menos fazem sentido. Assim como muitos podem se deleitar com a ideia de permanecer em um looping de vai e vem com o @ por dez anos – não se preocupe, ninguém aqui está julgando.
A série também nos entrega a realidade de maneira leve. Tudo bem não conquistar o sonho de se tornar um ator famoso; ou se contentar com um trabalho meia boca que ninguém nem ao menos entende. Faz parte. Friends nos dá de mão beijada o que tanto desejamos mas não podemos admitir: a doce ilusão de uma vida fácil.
Bom, infelizmente, um número muito limitado de fãs irá ter a mesma oportunidade de Rachel de ir para Paris ou achará, em um melhor amigo, o amor da sua vida. Possivelmente, em tentativas um tanto quanto desesperadas, podemos nos enganar algumas vezes e fingir viver no mundo perfeito da série por um período. No entanto, acredite, a realidade vai bater na sua porta. O seu grupinho tão bem estruturado de amigos, seja do colégio ou da faculdade, não vai permanecer intocável por muito tempo. A transa de uma noite resultará em conflitos e dramas; dividir o apartamento será uma experiência definitivamente mais sem graça e, provavelmente, mais estressante; e abandonar o boy em pleno altar não vai desencadear nada mais que uma série de crises existenciais.
Por saber de tudo isso, no âmago do nosso sofrido ser, assistimos Friends repetidamente. Todos nós, afinal, adoramos uma agradável e acessível ilusão.
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Reprodução: Hollywood Reporter |