Costumo dizer que, todos os anos, Hollywood faz um filme sobre Hollywood. Esse é um deles. Apesar de não ter nenhum caráter biográfico, Vigaristas em Hollywood retrata a indústria do cinema nos anos 1970 em uma situação um tanto inusitada. Em dívida com um financiador — ou melhor, um agiota interpretado por Morgan Freeman — Max Barber (Robert De Niro) e Walter Creason (Zach Braff), dois produtores de cinema à beira da falência, tentam se salvar armando um golpe em um ator idoso, Duke Montana (Tommy Lee Jones).
A metalinguagem cinematográfica é uma das grandes apostas do filme. Durante 1 hora e 40 minutos, são inúmeras as referências a produções clássicas, a maioria delas vindas do financiador mafioso e apaixonado por cinema, Reggie (Freeman). Por vezes, parece uma carta de amor ao cinema e à sua história.
As críticas ferrenhas e cômicas à indústria e aos seus métodos de agir também estão muito presentes na produção: assuntos como venda de roteiros, o casting de atores “em alta” — mesmo que não sejam os ideais para um papel —, o esquecimento em que antigos astros acabam caindo e, principalmente, a ganância de alguns produtores. Ainda, dando uma pincelada ou outra no tema do racismo e também do machismo, com uma mulher contratada para dirigir o filme que gravariam.
O elenco de peso traz à produção uma cara mais rebuscada, mas é uma comédia simples, genuína, mas não incrivelmente engraçada. O calibre do elenco não é correspondido, entretanto, pelo que o roteiro e a direção oferecem. A história é previsível e parece datada, sem muitas novidades (é bom notar que é um remake de um filme de ação de 1982 com o mesmo nome). Com caráter mais “Sessão da Tarde” do que telonas, é um bom entretenimento sem muitas camadas para decifrar.
Vigaristas em Hollywood
