O muito aguardado Oppenheimer é um suspense biográfico escrito e dirigido por Christopher Nolan. Baseado no livro “American Prometheus” (2005), a história é sobre J. Robert Oppenheimer, um físico que desempenhou papel fundamental no desenvolvimento das primeiras bombas nucleares, como parte do Projeto Manhattan, do governo norte-americano. O filme é estrelado por Cillian Murphy como Oppenheimer e possui extenso elenco de apoio.

“Tornei-me a Morte, a destruidora dos mundos”. A citação hindu repetida por Oppenheimer ilustra os dilemas éticos e morais que permeiam o grupo de cientistas responsáveis pelo projeto que causou a morte imediata de mais de 100 mil pessoas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Ao mesmo tempo que aniquilou a população de onde foi usada, esfriou a guerra por um medo global de um extermínio em massa.

Apesar de um pouco “arrastado” no início, o roteiro logo envolve e desenvolve, e mesmo com o conteúdo denso, não é difícil de entender. A narrativa não linear obriga o espectador a estar atento aos diálogos, até os mais superficiais, que ainda assim podem ser cruciais para o plot. São três períodos de tempo sobrepostos e dependentes um do outro em prol de um sentido maior.

Em critérios técnicos, não há ressalvas, não peca em nenhum momento e a fotografia é uma grande aliada do roteiro. Um ponto também importante para o resultado final ser triunfante é o uso de efeitos visuais práticos, sem a ajuda da computação gráfica, inclusive quando rejuvenesce ou envelhece seus personagens, o que pode render alguma indicação para a equipe de maquiagem.

A mixagem de som, algo que, particularmente, não era algo que considerasse notável em filmes do mesmo diretor, surpreende. Talvez pelo impacto da qualidade da sala de cinema ou pela ausência de cenas de ação que demandem o uso de muitos efeitos sonoros, a sutileza com que esses sons são distribuídos ao longo do filme torna natural algo que, provavelmente, foi milimetricamente calculado.

Com um elenco de peso, Nolan não soube usar a estrela Florence Pugh (Jean Tatlock), que, se excluídas as cenas de nudez e sexo explícito, não teria um minuto de tela, dos exatos 180 minutos de filme. É o único ponto lamentável e constrangedor para um filme espetacular em todos os outros aspectos.

Assim como no meio científico e acadêmico da época, o filme tem só mais uma personagem feminina de importância. Emily Blunt (Kitty Oppenheimer) luta pelos poucos minutos que tem a chance de estar em cena e consegue seu espaço.

Cillian Murphy, velho conhecido de Nolan, se consagra e pode ter seu primeiro Oscar em o que pode ser também sua primeira indicação. Além da semelhança física, o ator incorpora o espírito metódico que só um cientista responsável pela bomba atômica teria. Sua atuação aliada ao roteiro explora um certo caos psicológico inquietante.

Robert Downey Jr., Rami Malek, Matt Damon e diversos outros atores compõem o elenco coadjuvante de um filme essencialmente focado em seu protagonista. Vale destacar o que se torna quase um alívio cômico: identificar certos rostos conhecidos, como Devon Bostick (Rodrick, de O Diário de um Banana) ou Josh Peck (Josh, de Drake e Josh).

Ainda que seja um blockbuster estadunidense, Oppenheimer consegue apresentar uma crítica não hollywoodiana de pontos importantes da história contada no contexto da 2ª Guerra Mundial, como o anticomunismo e a militarização da ciência.

Evite tomar muito refrigerante e escolha um combo de pipoca grande. Assistir ao filme no cinema é um show à parte, definitivamente não é um filme que terá o mesmo impacto se for visto em casa. Se tiver a oportunidade, opte por uma sala com tecnologia IMAX e melhor qualidade de som e imagem, como foi pensado e gravado por Nolan.

Assista ao trailer de Oppenheimer

Oppenheimer

5

5.0/5
Escrito por

Maria Eduarda Romagna

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