Depois da conclusão da Saga do Infinito, que durou entre 2008 e 2019, o Universo Cinematográfico da Marvel estava consolidado. Para onde ir, então, depois de conquistar o mundo? Exatamente: para outros mundos. O conceito de multiverso começou a ser explorado, sem pressa, de uma forma que todos os espectadores pudessem acompanhar. Inclusive, What If e Loki, séries do Disney+, auxiliaram nesta tarefa. Dois anos após o evento que foi Vingadores Ultimato, o chefão da Marvel Kevin Feige retorna com seu projeto mais ousado desde então: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.
Jon Watts retorna na direção para o terceiro capítulo da trilogia protagonizada por Tom Holland. O longa começa exatamente onde o seu antecessor terminou. O vilão Mysterio acaba de revelar a identidade secreta do Homem-Aranha e ainda o incriminou por crimes que ele cometeu. Peter precisa, então, lidar com as consequências disso e com o seu futuro, já que a formatura do ensino médio se aproxima. Quando as vidas de MJ (Zendaya) e Ned Leeds (Jacob Batalon), seus melhores amigos, são afetadas, o herói decide procurar a ajuda do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch).
Quando um feitiço lançado por Doutor Estranho não funciona, a vida do protagonista fica ainda mais confusa. Vilões de outros universos, como Dr. Octopus (Alfred Molina) e Duende Verde (Willem Dafoe), começam a aparecer, e algo precisa ser feito para impedi-los de invadir esta realidade.
Desde 2018, a Marvel utiliza o recurso de reunir personagens de diversos núcleos de seu universo em uma mesma aventura, mas é preciso elogiar o trabalho dos roteiristas Chris Mckenna e Erik Sommers ao conseguir encaixar de forma tão natural personagens de uma realidade anterior a desse universo compartilhado.
O roteiro do longa se utiliza de uma forma encantadora e nostálgica, que tem sido usada para o retorno de diversas franquias aclamadas pelos fãs, e não se torna apelativo. Os fãs do Homem-Aranha, dos novos até os de longa data, recebem seus mimos, mas sem sacrificar a narrativa do filme. Os diálogos, com as piadas características desta trilogia, estão mais maduros e a relação entre os personagens está mais genuína e cativante do que nos capítulos anteriores.
O Peter Parker de Tom Holland, criticado por alguns pela falta de experiência, está se tornando mais experiente e o espectador consegue acompanhar as dores do crescimento do aracnídeo. Mais vulnerável do que nunca, vemos que o protagonista busca, em seus amigos, a força necessária para vencer seus obstáculos. Zendaya é uma grande atriz e sua presença em cena nunca passa despercebida.
Sem Volta para Casa chega e já se estabelece como um dos melhores filmes de super-heróis. É uma odisseia que entretém, faz rir, faz chorar e mantém a atenção do espectador ao longo de suas 2h30 de duração. Jon Watts se permite entregar uma obra que mais parece um quadrinho em live action. Com a quantidade enorme de filmes do gênero já lançados, fica difícil de imaginar que um deles possa te surpreender tanto, mas esse consegue. E como consegue. E ainda deixa querendo mais, com um futuro promissor para Peter Parker nos cinemas.