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Finalmente a DC Comics encontrou o caminho para a felicidade. Shazam é de longe o melhor longa já produzido pela companhia. Criado por C.C. Beck e Bill Parker, em 1939, o herói (conhecido como Capitão Marvel) é um adolescente chamado Billy Batson, que ganha superpoderes ao ser escolhido por um mago cujo o nome é Salomão. Assim, ele adquire poderes como de Hércules (Força), Zeus (Poder), Aquiles (Coragem), Atlas (Vigor), Mercúrio (Velocidade) e do próprio Salomão (Sabedoria).
Billy Batson (Asher Angel) é um órfão de 14 anos que mora na Filadélfia e que, pela sétima vez, está de mudança para um novo lar adotivo: com a família Vasquez e outras cinco crianças adotadas. Um dia, depois de fugir de uma briga na escola, Billy entra no vagão do metrô e é transportado para um lugar desconhecido, onde encontra Salomão, que está procurando uma pessoa digna a quem posso passar seus poderes, já que está velho e fraco. Billy, então, acaba se transformando em um super-herói adulto (Zachary Levi), ao pronunciar a palavra “Shazam”.
O longa é dirigido por David F. Sandberg e roteirizado por Henry Gayden. Com uma história simples do Bem contra o Mal, no primeiro momento conhecemos a origem do vilão, Dr. Silvana (Mark Strong), que, para a nossa surpresa, é bem parecida com a do super-herói. Um dos primeiros passos do roteiro é dar um panorama geral de vida de Billy e sua personalidade brincalhona para que possamos criar uma empatia com o personagem, tendo como ponto principal a construção em torno da relação do jovem com a nova família. Todos são bem construídos e apresentam suas singularidades. Um dos aspectos mais positivos é a abordagem em torno de Shazam e Freddy (Jack Dylan Grazer), seu irmão adotivo: Falar do mundo nerd em filmes de adolescente parece clichê, já que o assunto sempre faz parte das individualidades dos personagens; no entanto, Shazam não poderia deixar de levantar o assunto. Com naturalidade e um pouco de comédia, as cenas do super-herói com o irmão são um refresco para os amantes do mundo nerd, repleto de referências na medida certa. O conhecimento de Freddy sobre os mais variados tipos de heróis, inclusive, acaba ajudando Shazam a encontrar sua identidade e explorar seu dom.
Sandberg não se preocupa em deixar pistas se o personagem faz, ou não, parte de outras franquias da DC; a questão aqui é criar uma identidade própria. Engraçada, cômica e até inocente, a narrativa mescla essas características perfeitamente: não há nenhuma piada de graça, todas se encaixam e funcionam.
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Enquanto Billy tem a fuga como primeira reação a novas situações, Shazam (Zachary Levi) tem que lidar com as consequências de seus poderes e confrontar seus sentimentos. Além do bom desenvolvimento do personagem principal, seus novos irmãos adotivos também têm personalidades distintas e bem caracterizadas. Mary Bromfield (Grace Fulton) é a irmã mais velha que enfrenta um dilema entre cursar a faculdade e deixar sua família. Já o jovem Eugene Choi (Ian Chen) é um menino asiático viciado em games com fortes tendência a se tornar um futuro hacker, diferente de Pedro Penã (Jovan Armand) quieto e tímido. No entanto, o grande brilho da família é mais nova, Darla Dudley (Faithe Herman), extrovertida e sempre alegre, com um carisma cativante. É quase impossível dar tão pouco tempo de tela aos seus personagens e ao mesmo tempo criar empatia com o público, mas Shazam conseguiu. Os patriarcas Victor Vasquez (Cooper Andrews) e Rosa Vasquez (Marta Milans), são dignos de admiração; ambos já passaram por lares adotivos e entendem mais do que ninguém como é difícil estar nessa situação. Do outro lado, Dr. Silvana é o típico vilão que sofreu um trauma na infância e que procura algo que lhe de influência e poder.
A computação gráfica é presente no longa, mas seu uso é quase imperceptível, o que é um alívio para os olhos, após ver a catástrofe de “Liga da Justiça”. Talvez incomode um pouco nas cenas finais ,onde seu uso é demasiado recorrente, mas isso se trata da percepção visual de cada um. A fotografia é um combinada CDI, o que agrega bastante ao cenário, e a trilha sonora evoca muito bem a descontração do personagem.
Levi está confortável na pele do super-herói. Além do imponente porte físico, seu senso de humor é sensacional, assim como do jovem Grazer, espirituoso, engraçado e um talento promissor na indústria cinematográfica. Um prato cheio para quem gosta de filmes de heróis, com muitas referências, e para quem gosta de ir ao cinema somente para se divertir, também. Shazam saiu do tom mais sombrio do estúdios Warner Bros e trouxe de volta a alegria dos super-heróis. Enfim, o filme é tão bom que nem parece da DC.
P.S: Cena pós-créditos
Ficha Técnica
Filme: Shazam
Diretor: David F. Sandberg
Data de Lançamento: 04 de Abril de 2019
Atores: Zachary Levi, Mark Strong, Asher Angel e Jack Dylan Grazer
Avaliação: 4/5