Foto: Atsushi Nishjima/Warner Bros.


“Somos como borboletas que se agitam por um dia e pensam que é para sempre”.
– Carl Sagan

Inspirado no romance homônimo de Nicola Yoon, O Sol Também É Uma Estrela conta a história de Natasha Kingsley (Yara Shahidi), uma imigrante jamaicana que tem apenas um dia para conseguir reverter o processo de remoção definitiva de sua família dos Estados Unidos. Esse também é um dia importante para Daniel Bae (Charles Melton), que tem uma entrevista decisiva para seu possível ingresso na prestigiada universidade de Dartmouth, o sonho que sua família coreana busca para ele desde sua chegada no país. O que pode acontecer em um dia que decide o futuro do resto de suas vidas? 
A adaptação de romances adolescentes best-sellers para o cinema é uma conhecida receita de sucesso em Hollywood, como muito bem provam os romances A Culpa é das Estrelas, de John Green, e as sagas Crepúsculo e Jogos Vorazes, de Stephenie Meyer e Suzanne Collins, respectivamente. Sendo assim, não foi surpresa nenhuma quando a adaptação cinematográfica de O Sol Também É Uma Estrela foi anunciada. A direção por Ry-Russo Young, diretora de outros romances do gênero, como o sucesso de bilheteria Antes que eu Vá (2017), também foi uma escolha positiva para a adaptação. O fator surpreendente se deu para a escolha do elenco principal: Charles Melton, conhecido por seu papel no seriado Riverdale, é quase dez anos mais velho do que a atriz principal, Yara Shahidi, 19 anos, que já fez pequenos papéis nos sitcoms Black-ish e seu spin-off Grown-ish. A estratégia de colocar atores adultos interpretando personagens adolescentes não é uma novidade completa no cinema americano, mas a escolha de Melton na interpretação de um jovem de 17 anos inseguro sobre seu futuro simplesmente não cola. Por sorte, a personagem de Yara é mais madura do que sua idade, o que acaba por salvar a narrativa de uma sensação de falta de conexão entre os personagens principais, um erro fatal para romances adolescentes. 
Apesar de uma escolha duvidosa de atores principais, o maior mérito desse filme é a sua forte preocupação com a representatividade ao trazer uma mulher negra e um homem asiático como personagens principais do romance. O dilema principal do filme é centrado ao redor da remoção de Natasha, uma imigrante que luta pelo direito de viver e estudar no país que já mora há quase uma década e o considera seu lar. Em um momento em que a administração de Donald Trump considera erguer um muro para separar divisas com o México, essa história cai como uma bomba. Especialmente quando consideramos a outra perspectiva principal do filme, a de um menino coreano, imigrante assim como Natasha, que está prestes a conseguir uma posição de prestígio na sociedade americana, o ingresso em uma universidade, sem ter ao menos a certeza de que ele deseja isso. O porquê dessa realidade ser sonho para uns e realidade para outros é o questionamento mais importante que o filme traz.

Como um bom romance impossível, cheio de obstáculos e angústias, a narrativa emociona e vai conseguir arrancar algumas lágrimas até dos espectadores mais cínicos. Se isso não convencer, as belas panorâmicas da cidade de Nova York e a fotografia suave com certeza já são bons motivos para assistir ao filme. Porém, o mais importante da narrativa fica escondido, à espera de ser relevado: a reflexão sobre a importância e a valorização do espaço de cada um na construção de uma sociedade mais justa.

Ficha Técnica
Filme: O Sol também é uma estrela
Diretora: Ry-Russo Young
Data de Lançamento: 16 de maio de 2019
Elenco: Yara Shahidi, Charles Melton

Trailer:

Escrito por

Deborah Mabilde

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