Divulgação: Wallpapers Den

Voltando no tempo…

Antes de falar sobre a produção do filme Duas Rainhas (Mary Queen Of Scots, 2018), precisamos voltar no tempo para compreender a história britânica. Existiu duas rainhas de nome Mary na vida da Rainha Elizabeth I: sua meia-irmã, Mary Tudor e sua prima, Mary Stuart, Rainha da Escócia. Mary conhecia os Tudors por meio de sua avó, Margaret casada com o Rei James VI da Escócia. Era irmã mais velha do Rei Henrique VII, entretanto, se tornou viúva em 1503. Depois disso, ela ainda se casou três vezes, com Archibald Douglas, conde de Angus e novamente com Henry Stewart, o primeiro lorde de Methven. Mas no casamento com o conde ela se tornou avó de lorde Darnley, personagem do filme. Mary tornou-se rainha com seis anos de idade, enquanto Elizabeth I, sua prima tinha nove anos.

No entanto, a mãe de Mary governaria até que sua alcançasse a idade desejada. Agora, a jovem Mary havia se casado com Delfim da França, Rei Francis II, mas a união foi curta, já que ele foi morto. Ao ficar viúva, Mary retornou à Escócia casou-se novamente com Henry Stuart, com quem teve um filho chamado James. Seu esposo foi assassinado, deixando Mary viúva outra vez. Logo em seguida ela se casaria de novo com James Hepburn, 4.º conde de Bothwell, mas ela foi obrigada a abdicar do trono. Mais tarde seu filho James se tornaria Rei da Inglaterra e Escócia. A “Rainha dos Escoceses” acabou decapitada em 1587 por conspirar pela morte de sua prima Rainha Elizabeth I. Filha do segundo casamento do Rei Henrique VIII com Ana Bolena, Elizabeth foi a única filha a sobreviver, visto que o Rei rompeu laços com a Igreja Católica ao se separar da primeira esposa, Catherine de Aragon. Ana, foi decapitada após ser acusada de adultério e feitiçaria. Essa história você pode conhecer ainda melhor no filme “A Outra”, protagonizado por Natalie Portman, Scarlett Johansson e Eric Bana

Após um breve resumo é hora de focar na produção. O longa conta a trama das duas rainhas. Ao retornar para Escócia, Mary encontra seu meio irmão, James Stuart governando em seu lugar. Apesar de aceitar protestantes em sua corte, Mary é confrontada a fundar uma igreja católica na Escócia. Sua prima, Elizabeth I, de religião protestante, e seus conselheiros, se sentem ameaçados, já que Mary pode se casar novamente e ter um herdeiro. Com o objetivo de assumir o controle, a Rainha propõe que ela se case com um inglês, de preferencia alguém que a corte da Inglaterra possa controlar. Porém, a destemida Mary se apaixona pelo sedutor Lorde Darnley (Jack Lowden). Dessa conturbada união nasceu James, seu filho.  

O destaque de ambas as rainhas sempre foi pela habilidade em que as duas tinham de trocar cartas e farpas a respeito do reino. Mary tinha o desejo de governar Inglaterra e Escócia diante do catolicismo, mas Elizabeth I, bem como seu pai, rompeu laços com a igreja católica e passou governar sobre o protestantismo. E era sobre essa fé que boa parte dos nobres gostariam de manter.  Mary interpretada por Saoirse Ronan e Elizabeth I vivida por Margot Robbie. Duas rainhas tenta ser memorável, mais que a própria história, ao abordar a vida trágica entre as primas. Com nomes de peso e performances brilhantes, a dupla de rainhas têm um papel espetacular, ambas consideradas líderes natas na época, e evocam na tela a ousadia e a força capaz de deixar seus conselheiros loucos durante semanas. Saoirse e Margot fizeram seus melhores papéis até agora, suas personagens mostram que o lugar de mulher é onde ela desejar.

Dirigido por Josie Rourke, o filme segue alguns passos da produção de 1971 que ganhou o título de Mary Stuart, Rainha da Escócia. Porém com uma visão menos tradicionalista e realista, Rourke opta por captar o feminismo e a sensibilidade, explorando belas paisagens e usando batalhas como transições. O roteiro é de Beau Willimon da série House Of Cards e baseado no livro “Queen of Scots: The True Life of Mary Stuart”, do escritor britânico John Guy. Willimon descreve perfeitamente o poder de uma rainha perante um mundo dominado pelos homens: por mais que Elizabeth I tenha sido uma mulher corajosa, sua decisões surgem de terceiros.
Com a morte de seu marido e a instabilidade entre seus súditos, Mary fugiu da Escócia. Durante esse período ela é estuprada e forçada a se casar com Bothwell. A narrativa construída exclui qualquer possibilidade de romance, Willimon escreve e e Rourke mostra que mesmo diante de sua força, a vida da soberana foi marcada por tragédias. Descontentes com a possibilidade de Mary se tornar verdadeiramente rainha, o roteiro expõe de forma clara o machismo existente na época. A nova versão é provocante e intensa nas trocas de diálogos, mas o maior erro é o encontro proposto entre as duas rainhas, já que ele nunca aconteceu. Uma tática enfadonha para construir a empatia do público pelos personagens e prender a atenção até o final. Entre uma mera batalha entre as forças de Mary contra as de Elizabeth I, o encontro foi a cena mais energética durante duas horas de filme. Entre tropeços da narrativa, vale ressaltar o design de produção assim como a maquiagem ,que são o ponto alto do longa. 

Ao longo dos anos a suposta conspiração de Mary para matar Elizabeth I foi questionada, mas o perigo que ela representava para a monarca ocasionou em sua execução em 1587 aos 44 anos de idade. Rourke retrata este momento no filme marcado pelo confronto e amor de ambas aos países. A diretora reconta a história trazendo elementos novos e o empoderamento feminino, mas peca com ritmo preguiçoso e desleixado

Ficha Técnica


Filme: Duas Rainhas (Mary Queen Of Scots, 2018)

Diretor: Josie Rourke 

Data de Lançamento: 04 de Abril 2019

Atores: Saoirse Ronan, Margot Robbie e Jack Lowden

Avaliação: 3/5
Trailer:

Escrito por

Andressa Mendes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *