Crítica: Adoráveis Mulheres

Adoráveis Mulheres é uma adaptação do clássico da literatura “Mulherzinhas” da escritora Louisa May Alcott. Esta versão, escrita e dirigida por Greta Gerwig, é a mais recente desde os anos 90. A história gira em torno da família March e é dividida em duas linhas do tempo distintas. Uma é durante a Guerra Civil Americana e a outra acontece sete anos depois. Para diferenciar os momentos, são utilizados tons mais quentes, com cenas cheias de detalhes alaranjados, para relembrar os primeiros anos e depois o azul e verde predominam. 

As quatro irmãs March possuem aptidões artísticas. Jo March (Saoirse Ronan) é escritora e se recusa a aceitar o destino que era reservado às mulheres na época. Ela não pretende abrir mão de sua liberdade para casar e formar uma família. Saoirse já tem experiência em interpretar personagens que prezam pela liberdade e ir em busca de seus sonhos. Foi assim em Lady Bird, de 2017, e em Brooklyn, de 2015. Essas duas atuações, que foram aclamadas pela crítica e renderam duas indicações ao Oscar, ajudaram a atriz para que ela entregasse, de forma tão convincente, o papel de protagonista neste longa. A parceria de longa data com Timothee Chalamet, que interpreta Laurie, gera cenas divertidas e com muita química. No entanto, ela não deixa a desejar ao contracenar com atrizes experientes como Meryl Streep e Laura Dern, a tia e a mãe de Jo, respectivamente. 

Florence Pugh é uma grata surpresa no longa. Sua personagem, Amy March, é a que passa por uma mudança mais notável de um momento do filme para o outro. A atriz consegue convencer, sem dificuldades, ao dar vida a uma garota de 13 anos, com todas as futilidades e mudanças de humor que a idade proporciona e depois uma jovem adulta de 20 anos, entrando de vez na vida adulta. Emma Watson e Eliza Scanlen, que são Meg e Beth, mesmo não se destacando tanto quanto às outras duas atrizes, desenvolvem bem seus papéis. 

Reprodução: Poltrona Nerd

No seu segundo trabalho como diretora, Greta Gerwig já demonstra uma grande evolução. Se em Lady Bird a protagonista era cativante e nos fazia querer acompanhar sua história, aqui, todos os personagens produzem essa sensação. Por menor que seja a aparição, todos vão contribuindo para contar a história do longa. Em nenhum momento, o roteiro deixa de entreter, emocionar, divertir ou encantar. É uma experiência agridoce, mesclando momentos felizes e tristes de uma família, que, apesar das dificuldades, se mantém unida. 

Alexandre Desplat compõe uma trilha sonora que ajuda a transmitir tudo aquilo que Adoráveis Mulheres almeja. É empolgante e vulneral quando necessária, mas sem perder o toque de doçura. Por se tratar de uma inspiração na própria autora do livro, a personagem Jo permite ainda que o filme brinque com a questão da metalinguagem. Trata-se de uma jornada de duas horas que passam com muita rapidez e que deixam o espectador, que está a procura de uma boa história, saciado.