Crítica: Um Lindo Dia Na Vizinhança

Tom Hanks sempre deixou claro sua predileção por papéis heroicos e bondosos, o que pode ser percebido ao longo de sua carreira, mas aqui em Um Lindo Dia Na Vizinhança, parece que encontrou o papel que, de fato, foi feito pra ele.

O longa conta a história de Lloyd Vogel (Matthew Rhys), um jornalista cético, cínico e ranzinza que, contra a sua vontade, é escalado para entrevistar e escrever um perfil do icônico apresentador infantil Fred Rogers (Tom Hanks). 

A direção de Marielle Heller se esforça pra deixar clara a diferença de personalidade entre os dois personagens. Quando o foco é Rogers, um cara calmo, de fala pausada e que conta com a admiração de todos que os cercam, as cores na tela ficam mais vivas, planos abertos e cortes suaves; já quando a câmera foca no jornalista e narra seus dramas pessoais, a fotografia mostra cores pesadas, planos fechados e cortes mais secos. Outro ponto interessante da direção de arte são as transições mostrando a cidade como se fossem maquetes, pequenos cenários, refletindo a maneira como Fred Rogers mantinha a postura idêntica dentro e fora das câmeras, enquanto Vogel entendia aquilo tudo como encenação, afinal, ninguém consegue ser alegre e amável o tempo inteiro. 

O ponto fraco fica por conta do roteiro, que mira na construção e manutenção de ícone, sem explorar as nuances e inconstâncias que qualquer pessoa é capaz de ter e nisso perde uma grande oportunidade de se aprofundar num estudo de personagem interessante. 

O que podemos dizer é que Um Lindo Dia na Vizinhança consegue emocionar graças ao carisma que Tom Hanks tem ao interpretar um personagem tão querido pela família estadunidense, se tornando, assim, um forte candidato ao Oscar de melhor ator coadjuvante. No mais, o longa consegue alcançar aquilo que se propôs, que é ser um feel good movie.