Filmes de locação única têm um propósito prático, de executar uma história dentro de restrições orçamentárias. E como a tendência da humanidade nos mostra, quanto maior a limitação, maior a criatividade. No entanto, não assumir falhas de premissas pode impedir que um filme, mesmo limitado, se torne grande. Quando isso ocorre, o único propósito da obra é o de entreter, seja provocando uma sensação palpável de horror ou uma tensão de roer as unhas. É o que acontece com o filme mais recente de Scott Mann, A Queda.

É fácil comparar A Queda com 47 Metros Abaixo, já que ambos foram financiados pelos mesmos produtores. Os dois filmes seguem a história de amigas próximas que devem trabalhar juntas para sair de um problema desesperador quando o esporte extremo do qual fazem parte inevitavelmente dá errado. Enquanto 47 metros abaixo encontra essas mulheres submersas em uma gaiola em águas infestadas de tubarões, A Queda as encontra presas a 600 metros de altura, no topo de uma torre de rádio.

A vida de Becky (Grace Caroline Currey) está uma bagunça, um ano após um trágico acidente de alpinismo que ocasionou a morte de seu marido, Dan (Mason Gooding). Ela aparenta ser uma alcoólatra sem rumo, o que causa a preocupação de seu pai (Jeffrey Dean Morgan). No entanto, as palavras usadas por patriarca não parecem a confortar. Ele até tem boas intenções, mas o diálogo não resulta exatamente como uma força positiva na vida de Becky.

Para ser justo, o pai percebe que tem uma abordagem improdutiva para alcançar sua filha distante. Como tal, ele convence a melhor amiga de Becky, Hunter (Virginia Gardner), que também estava lá no dia do acidente, a cuidá-la e fazer algo juntas para colocá-la em um estado de espírito mais saudável. Também é aparente que Becky e Hunter não se falaram muito desde a tragédia.

Como a personagem de Gardner é apaixonada por esportes radicais, sugere escalar uma enorme torre de rádio, a sétima maior do mundo (quase duas vezes maior do que a Torre Eiffel) e espalhar as cinzas de Dan do topo.

Enquanto A Queda possui um conceito de entreter, alguns dos seus movimentos e revelações de enredo podem ser considerados clichês telegrafados de outros tipos de filmes de sobrevivência. Felizmente, Becky e Hunter mostram desenvoltura e resiliência uma vez presas, transformando-as em personagens pelos quais vale a pena torcer.

Mas o que torna A Queda envolvente, apesar de ser um filme independente com orçamento baixíssimo, é a direção de Scott Mann, especialmente quando grava os personagens nos momentos mais desesperadores, explicitando a destreza física e a tensão exibidas pelas protagonistas que suavizam o CGI precário em segmentos específicos.

É um filme que desperta medo e tensão. Além disso, essa luta pela sobrevivência através das situações de risco acaba gerando o interesse e inevitavelmente envolve o espectador.

Assista ao trailer

A Queda

2.5

2.5/5
Escrito por

Victor Dellazeri

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