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“A mentira é a amizade”
Escrita pela australiana Liane Moriarty, Big Little Lies ganhou notoriedade em 2014 com o lançamento do livro. Logo depois, as amigas Reese Witherspoon e Nicole Kidman garantiram os direitos para a adaptação na televisão, assim como a HBO. A primeira temporada, em 2017, foi um sucesso absoluto: um elenco de dar inveja, atuações dignas de prêmios e um roteiro sólido. A minissérie inspirada no livro de Moriarty deixou o público delirando com uma possível segunda temporada. E não é que ela aconteceu?!
Após os eventos da festa “Trivia”, as cinco amigas fizeram um pacto e decidiram que nenhuma delas seriam culpadas pela morte de Perry Wright (Alexander Skarsgard), marido de Celeste Wright (Nicole Kidman). Após o incidente, a investigação por parte da polícia continuou, no entanto, o grupo sempre alegou que Perry havia escorregado e caído sozinho. Nesta temporada, as “The Monterey five”, como são chamadas, tentam retomar suas rotinas normalmente. Madelaine (Reese Witherspoon) é a menos afetada do grupo. Continua com o objetivo de levar sua filha mais velha, Abigail (Kathryn Newton) para a faculdade e conviver com a culpa de ter traído Ed (Adam Scott), seu marido. Jane (Shailene Woodley) embarca em um novo romance, porém lida com as consequências do seus traumas. Até Renata (Laura Dern), a super-maravilha, também tem que lidar com eminente falência financeira. Mas para Bonnie (Zoe Kravitz) e Celeste, a morte de Perry significou algo mais. Bonnie passou a conviver com a culpa da omissão. Já Celeste lembra apenas dos bons momentos com o marido ao mesmo tempo em que vê seus filhos se tornarem a imagem de Perry.
Entretanto, o peso de carregar o segredo intensifica quando Mary Louise (Meryl Streep), mãe de Perry, chega na cidade, com o objetivo de saber o que realmente aconteceu com seu filho. A sanidade mental das “The Monterey Five” é colocada em jogo quando a ex-nora de Celeste começa a investigar o grupo. É a partir desse momento em que todos os segredos e conflitos familiares são revelados. Assim como na primeira temporada, o que chama atenção são as atuações. Madeleine começa a questionar suas atitudes e perceber que sua vida pode desmoronar. Renata, com mais fala e tempo em tela, tem uma das transformações mais exageradas, mas convincentes. Já Celeste está visivelmente transtornada. Parece uma porcelana prestes a se quebrar. Por sua vez, Jane continua a ser a menos significativa na atuação. Porém seu arco é explorado devidamente. Já Bonnie ganha a maior atenção. A personagem carrega no olhar todo instante a culpa de ter matado alguém. Quem veio para causar, todavia, foi Mary Louise. Mesmo ajudando e mostrando para Celeste que se importava com seus netos, a cobra andava solta. Uma personagem enigmática e a peça central para entender o passado de Perry. Uma atuação controlada, mas suficiente para e despertar ódio e encantar.
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Mais uma vez a arco dos homens foi desperdiçado. Não pela masculinidade, visto que a série é sobre protagonismo feminino e aborda a partir dessa visão temas como assédio, estupro e abuso sexual. Mas no roteiro. Ed passou a série toda pensando em perdoar Madeleine, já Nathan (James Tupper) tentando reconquistar Bonnie e Gordon (Jeffrey Nordling) preso em um limbo. O mesmo aconteceu com as crianças, que tiveram pouco destaque. No entanto, a série como um todo continua espetacular. A mesma sonoridade e design da temporada anterior retornaram. A direção ficou por conta de Andrea Arnold, que infelizmente sofreu um pênalti, já que Jean-Marc Vallée foi chamado novamente pela produção para dirigir alguns episódios e editar o produto final. A decisão era para que o aspecto visual e narrativo fosse igual.
Big Little Lies ainda encanta. Entretanto, olhando para o final é possível questionar se essa temporada realmente valeu a pena. Os conflitos pessoais e a amizade são o ponto alto da narrativa que esclarece dúvidas, mas também deixa em aberto outras. Tudo o que aconteceu de diferente foi doloroso, mas superado. Talvez o problema foi ter um elenco recheado de estrelas e fazer elas brilharem um pouco mais. Mas para o bem ou para o mal se preparem para mais uma enxurrada de indicações.
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