Em A Mula, Clint Eastwood comanda o show. Além de dar vida ao protagonista, ele também dirige e produz o longa baseado em fatos reais.  Earl Stone (Clint Eastwood) é um horticultor que passou a vida priorizando seu trabalho a sua família. O modo pacato como ele vive, em que os maiores momentos de animação vêm das convenções de horticultura que ele frequenta, muda quando seus negócios já não geram mais lucro. Earl se vê sem trabalho e sem poder contar com o apoio da família. Devido a sua vasta experiência como motorista e registros limpos de qualquer multa, surge a oportunidade dele se tornar uma mula do tráfico.

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O que era para ser o trabalho de uma vez só acaba se tornando corriqueiro, já que Earl usa o dinheiro que ganha tentando reconquistar sua família e ajudando amigos. Isso é um dos motivos que torna tão difícil para o espectador condenar as atitudes do protagonista, ou até mesmo não gostar dele. Earl é um dos personagens mais carismáticos que vi no cinema nos últimos tempos. A maneira simples com que ele leva a vida misturada ao seu genuíno desejo de recuperar o tempo perdido faz com que torçamos por ele, apesar de suas atitudes erradas. Ele consegue nos fazer rir com sua personalidade autêntica e diálogos sem filtros. Quando o personagem contracena com sua ex-esposa Mary (Dianne West), no entanto, ele emociona. Outros momentos inusitados do filme são gerados pelo contraste de personalidades ao interagir com os membros do cartel do tráfico. No início, eles se mostram relutantes e grosseiros com Earl, mas ao decorrer do filme vão se afeiçoando e criando simpatia por ele.

Clint Eastwood carrega com maestria sua parte da trama, mas o mesmo não acontece com o núcleo de policiais responsáveis por prender e desmantelar o cartel. Bradley Cooper, Michael Peña e Laurence Fishburne, apesar de ótimos atores, entregam personagens que, comparados ao protagonista, tornam-se desinteressantes. O roteiro não consegue manter o ritmo do longa ao intercalar essas tramas. Quando esses outros personagens aparecem, logo torcemos que o foco do filme volte logo para o protagonista.

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Durante as viagens de carro de Earl, enquanto trafica as drogas de um estado para outro, as músicas que ele escuta e canta junto no carro divertem e parecem servir como uma forma de revisitar o passado, fazendo um bom uso da trilha sonora.

Em seu último papel como ator, Eastwood entrega um trabalho simples, sem cenas extravagantes ou de ritmo muito acelerado, mas que conquista pela sutileza e um protagonista extremamente bem construído.

Ficha Técnica
Filme: A Mula
Diretor: Clint Eastwood
Atores: Clint Eastwood, Dianne West, Bradley Cooper
Data de Lançamento: 14 de fevereiro de 2019
Avaliação: 4/5 – Ótimo
Trailer: 

Escrito por

Cainan Silva

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