Reprodução: DMovies

A vitória de Gleen Close no Globo de Ouro como Melhor Atriz em Drama é, definitivamente, merecida. A atriz, que já foi indicada a seis Oscares, é forte concorrente em 2019 como veterana nas telonas. Em A Esposa (The Wife), Close interpreta Joan Castleman, uma mulher aparentemente introvertida e subserviente que acompanha o marido Joe Castleman (Jonathan Pryce) em suas conquistas como romancista. Quando Joe é nomeado para receber um Nobel de Literatura, o casal parte em uma viagem na qual histórias do passado acabam vindo à tona, perturbando o seu relacionamento, à primeira vista, perfeito.

Em termos de direção (Björn Runge), o longa não impressiona. A opção do uso de flashbacks não inova a maneira de se contar histórias, apesar de cumprir eficientemente seu papel explicativo. A atuação de Max Irons, que interpreta o filho do casal, também não é potencializada pela direção ordinária e torna-se claro que o desempenho magnífico de ambos os personagens principais se dá mais pela experiência dos atores do que pelo trabalho de Runge. Além disso, os planos focados no rosto da esposa durante os discursos do marido são eficazes, mas muito mais pela atuação coerente de Close do que propriamente pela fotografia.
Reprodução: CNN
No entanto, apesar de tecnicamente o filme não ser um espetáculo, o roteiro supera as expectativas. Adaptado por Jane Anderson a partir do livro “The Wife”, de Meg Wolitzer, ele é repleto de bons diálogos que refletem a relação conflituosa da família, que, apesar de ser revestida de afeto, também esconde óbvios rancores entre os personagens. Para quem gosta de grandes reviravoltas, o longa não é necessariamente uma boa pedida: o segredo entre os personagens é previsível e não é entregue com grande impacto. Acredito, porém, que a intenção em A Esposa fosse não tanto surpreender o público, quanto mostrar a trajetória e a evolução de Joan, desenvolvendo-a diante do espectador, o que é executado de maneira notável. Assim, o longa é concebido como uma bela obra introspectiva e incrivelmente consistente para com seus personagens.

Gleen Close, também como destaque do filme, oferece uma atuação contida, porém forte, e demonstra entender sua personagem em todos os aspectos. Na sutileza de suas expressões, a atriz consegue transmitir a intensidade das diversas emoções acumuladas no âmago de Joan e mostra-se, mais uma vez, uma profissional de extremo talento.

A Esposa não se prende em fazer críticas e questionar o contexto machista no qual se passa, deixando o questionamento para o público a partir de uma ilustração crua da história. Porém, o posicionamento emancipacionista da narrativa se torna evidente pela simples escolha do ponto de vista de Joan como personagem principal e o longa entrega uma narrativa que poderá ser apreciada, principalmente, pelo público feminino.
Escrito por

Acabou em Pizza

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *